É angustiante escrever sobre santos. O coração se aperta, o reconhecimento da pobreza do ser aumenta. Sobretudo quando é necessário escrever sobre uma pessoa como Dom Luciano Mendes de Almeida, o doutor no amor. Ele reúne em si as qualidades humanas e divinas, numa composição amorosa de um homem que é santo. Dom Luciano esgotou as possibilidades do possível, superou mesquinharias e mediocridades para ser testemunha de um grande homem: Jesus de Nazaré.
Santos são delicadezas de Deus para com aqueles que têm fé. O jeito de Deus se fazer presente para relembrar Seu carinho e Seu cuidado para com todos. É Deus sorrindo para a sua criação e confessando Seu amor por ela. Ao completar nove anos de seu falecimento, sua memória está viva no coração do povo, suas palavras ainda ressoam e se tornam realidade na vida de muitos que conviveram com ele e que ouviram falar dele. Foi um homem pobre para os pobres, expressava com seu jeito, o jeito divino.
Ele era alcançado pelos pobres, identificado por eles e entre eles, falava-lhes ao pé do ouvido, sussurrava-lhes ternura e garantia-lhes segurança e conforto. Ele aprendeu isso de Jesus Cristo, decidiu-se por Ele, tornou-se outro Ele. Entrou na dinâmica da conquista, tornou-se discípulo e nunca mais saiu da escola de Jesus. Foi um seguidor apaixonado por Jesus de Nazaré, foi conquistado por Ele. Não se identificava mais sem a presença Dele. Existia “em nome de Jesus”.
Há algo ainda na pessoa de Dom Luciano que merece a devida referência: nele, muitos santos anônimos, homens e mulheres e boa vontade ganham significado, são lembrados, personificam-se nele, no seu jeito na sua bondade. A capacidade de sempre repetir a pergunta: “em que posso servir?” marca sua personalidade. A capacidade de dar significado à vida dos outros, perceber sua existência, dar-lhes voz e vez, dedicar-se aos outros, tudo isso diz de Dom Luciano, são características reveladoras de um santo.
O amor aos pobres é a identificação mais adequada a ele. Toda a sua vida foi marcada por isso. O diálogo e o desejo de compreensão marcaram sua caminhada. O bispo jesuíta sempre quis ser próximo, haja vista suas testemunhas tanto de São Paulo quanto de Mariana.
Dom Luciano, tão impregnado de humanidade, superava o simples humano, não se encerrava nos limites que inibem a fé e impedem de crescer. Ele enxergava Jesus em tudo e em todos, enxergava unicamente isso, Jesus em cada pessoa e contemplava a criação como obra prima do amor. Dom Luciano existia simplesmente para mostrar Deus aos homens, existia precisamente para isso, mostrar Deus aos homens.
Deus o conquistou de tal forma que era refletido nele, as pessoas mais simples se identificavam com ele se tal forma que se aproximavam e eram sempre acolhidas. Dom Luciano não falava de amor, ele simplesmente amava. Existia como condição do amor e como condição para amar.
Rezemos a oração de sua beatificação
Ó Deus, fonte de vida e santidade, nós vos louvamos e bendizemos pelas virtudes e dons com que ornastes Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, especialmente o amor aos pobres, a disponibilidade para servir e o empenho na defesa da vida e da dignidade humana. Para vossa maior glória, dignai-vos elevar esse vosso servo à honra dos altares e concedei-nos, por sua intercessão, as graças que vos suplicamos.
ALESSANDRO TAVARES ALVES
III ANO DE TEOLOGIA