O retiro dos bispos, ocorrido nos dias 9 e 10 de abril, em Aparecida (SP), terminou com uma missa presidida pelo arcebispo de Aparecida (SP), cardeal Raymundo Damasceno Assis, e concelebrada pelo presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, e pelos cardeais brasileiros Cláudio Hummes, Odilo Scherer e Orani Tempesta. A celebração reuniu diversas caravanas de jovens, no Santuário Nacional de Aparecida, no final da manhã de domingo.
O cardeal Ravasi, pregador do retiro, fez a homilia de domingo. O arcebispo falou sobre dois itinerários de reflexão retirados do Evangelho de João. A primeira cena refere-se à aparição de Jesus junto ao lago. “É no meio dos santos de cada dia, que Cristo se revela. Também no cansaço e entre desilusões”, disse Ravasi ao recordar que naquela ocasião os discípulos de Jesus não tinham pescado nada. “O mesmo Jesus é retratado no ato simples e cotidiano de cozinhar o peixe nas praças para preparar, assim, a mesa modesta como aquela que se prepara hoje em tantas casas dessa cidade. A revelação acontece aqui nas estradas da vossa cidade, das aldeias, nas casas onde a mordaça da crise econômica aperta a respiração das famílias, onde ao riso seguem tantas vezes as lágrimas, onde ao amor sucede o gelo da traição, onde domina a incompreensão entre pais e filhos, onde às esperanças sucedem as desilusões tal como aconteceu aos discípulos ao regressar do trabalho de pescadores de peixes”, comparou.
O segundo itinerário sobre o qual discorreu dom Ravasi durante a homilia trata do reconhecimento. “Escutar a sua voz e reconhecê-lo. Os sete discípulos não identificaram aquele visitante na praia”, contou referindo-se à aparição de Jesus. “Para poder reconhecer Cristo estamos todos no mesmo plano. Não basta ter ceado com Ele, tê-lo escutado e visto fisicamente durante sua vida terrena. É necessário outro olhar, outro canal de conhecimento: o do amor”, acrescentou.
Segundo dom Ravasi, para reconhecer Cristo é preciso” ter um olhar, que não é da visão material, mas o do abrir os olhos da alma”.
O cardeal comparou, ainda, este olhar com aquele que acontece com a pessoa que se enamora. “O rosto da pessoa amada, que aos olhos dos outros parece comum, aos olhos do enamorado se transfigura e revela segredos invisíveis a quem não tem esta capacidade profunda da intuição gerada no amor”, disse.
De acordo com o bispo, “é exatamente por isto que Jesus fará a Pedro a pergunta capital: Simão, filho de João, amas-me?”. Ele afirma que esta tríplice interrogação terá a mostra a confissão de Pedro. “Fé e amor são guia do nosso reconhecer hoje, aqui no santuário mariano, e nos sinais do Pão e do Vinho, a presença de Cristo que nos fala e nos alimenta para regressar depois como suas testemunhas na vida cotidiana que nos espera”, disse