- Por que um retiro? Necessitamos do silêncio para “ouvir” Deus. Captar sua presença. Aprofundar, desenvolver e partilhar a experiência de Deus.
Deus não está fora de mim ou fora do mundo. Deus está dentro de mim e dentro do mundo. Eu e o mundo estamos dentro de Deus, mergulhados no seu amor, encharcados de sua Graça. Porém, podemos estar fechados.
A Criação é a grande Palavra de Deus. A história da salvação, com Abraão, Sara, Moisés, Myriam, os profetas e as santas mulheres, mostra como eles captaram nos fatos, nos acontecimentos e nas pessoas a Palavra divina. “O Senhor está neste lugar e eu não sabia” (Gn 28,16). Eles “viram e ouviram” Deus, ou seja, fizeram uma experiência profunda de sua presença. Não é um “ver e ouvir” físico, material, mas na fé ( Jo 1,18 e 5,37).
No entanto, a relação com Deus é marcada pela projeção do nosso pecado e por nossas relações viciadas. Ex: fala-se da cólera, ira, vingança de Deus. Há medo de Deus misturado com amor. Fazem guerras, escravizam povos, assassinam mulheres grávidas como se isso fosse a vontade do Senhor. Atribui-se a Deus o bem e o mal: calamidades, pestes, a destruição de Sodoma e Gomorra, o dilúvio etc. Obs: Não podemos esquecer que o Primeiro Testamento é imperfeito, o povo tateia no escuro em sua busca e descoberta de Deus. Pouco a pouco vai purificando a imagem de Deus.
Oséias 11, 1-4. Em que momentos da minha vida tenho experimentado o amor de Deus? Tenho experiência de Deus como Pai e Mãe? O que significa para mim ser amado gratuitamente e incondicionalmente por Deus?
- O ponto alto da revelação é Jesus (Hb 1,1-2), Aquele que vence as tentações e nos possibilita vencê-las (I Dom da Quaresma), Aquele que deve ser ouvido para transfigurar minha vida (II Dom da Quaresma), o que nos faz conhecer o dom de Deus (III Dom da Quaresma), o que nos liberta de nossas cegueiras (IV Dom da Quaresma) e nos arranca do poder do mal, do sofrimento e da morte (V Dom da Quaresma). Sua intimidade com o Pai e sua opção pelos pobres e excluídos, manifestando o Reino de Deus, faz com que Ele seja acolhido por uns e rejeitado por outros. Ele sobe a Jerusalém para dizer sua profecia e enfrentar os poderes da morte: sacerdotes e nobres (saduceus), os partidários de Herodes, os doutores da Lei, escribas e anciãos (fariseus). Alguns o acolhem, outros tramam sua morte (Dom de Ramos e Paixão do Senhor).
Qual é a atitude que devemos ter? Viver com Cristo. Acompanhá-lo no dia-a-dia. Ser companheiro, aquele que come o mesmo pão, partilha o convívio, a intimidade, a proximidade e a amizade. Viver como Cristo. Ser sua presença no mundo: eu sou os olhos de Cristo, suas mãos, seus pés, sua boca, seu coração, sua presença para os irmãos. Como é possível isso? Só com uma profunda vida de oração pessoal e comunitária. Ser Igreja e não estar simplesmente na Igreja. Participar. Ter uma profunda vida de oração é diferente de rezar de vez em quando.
Filipenses 2, 5-11. Tenho procurado viver com Cristo? Sou Igreja, pessoa de oração, participante assíduo de minha comunidade ou só estou na Igreja? Vivo como Cristo? Esvazio-me para servir?
- Deus me ama primeiro. Cristo se joga aos meus pés, fazendo um trabalho humilhante e implorando-me para que eu creia em seu amor. Qual é a minha resposta? (Missa do lava-pés e instituição do sacerdócio e da eucaristia). Deixa a Eucaristia como memorial de sua presença. Entrega-se por nós. Não foge dos conflitos. Abraça as conseqüências de seu profetismo, de sua opção pelo Pai em favor dos pobres e excluídos. A Igreja-comunidade dos discípulos fica prostrada com sua morte (Sexta-feira da Paixão), mas já celebra a Páscoa da Cruz ao contemplar o madeiro “olhando para aquele que transpassaram” (Jo 19,37). Na escuridão do mundo, uma luz brilha (o Círio Pascal), a nossa fé se acende (velas dos fiéis), a história da salvação confirma o que cremos (leituras), o canto do glória e do “exultet” proclamam sua ressurreição. Nós, seus discípulos, renovamos nossa consagração batismal (Sábado Santo) para deixando-nos amar por Cristo, correspondermos ao seu amor amando nossos irmãos, especialmente os pobres e sofredores.
A espiritualidade de nossa paróquia pode ser resumida assim: Somos pessoas que experimentam e se deixam amar por Deus para amar os irmãos, manifestando seu carinho, sua ternura, sua misericórdia especialmente pelos pobres e sofredores.
1 Jo 4, 7-16. Estou consciente de que Deus me ama gratuitamente sem nenhum merecimento de minha parte? Como eu vivo minha relação amorosa com Deus? Como eu posso ajudar meus irmãos de comunidade deixarem-se amar por Deus e corresponder a esse amor?