Frei Gilberto iniciou sua exposição reafirmando a importância do diálogo entre a Igreja e os Poderes Executivos e Legislativos, ressaltando a tarefa comum de buscar o bem comum. Retomando palavras do Papa Francisco que insistem na participação dos cristãos na vida política, O Papa Francisco afirma que «Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão” e, segundo ele os cristãos não podem se «fazer de Pilatos, lavar as mãos»: «Devemos implicar-nos na política, porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, visto que procura o bem comum».
A palestra constou de cinco partes, onde foram abordadas questões importantes para a administração pública:
- A questão das cidades. Ressaltou a desigualdade sociocultural que marca a vida de grande parte dos meios urbanos. As cidades são construídas para poucos. Grande parte das pessoas vivem na não-cidade, ambientes desestruturados e com falta de condições dignas para as pessoas. É necessário administrar para todos, não apenas para os centros. Olhar para as periferias e torna-las cidades de verdade, com condições plenas de saneamento básico, água potável, saúde, educação, esporte e lazer, bem como condições de trabalhos para todos. Cidades que cuidam do meio ambiente, com coletas seletivas de lixo e consequente apoio às associações de catadores, com aterros sanitários regularizados e estações de tratamento de esgoto.
- A questão rural. Administrar favorecendo a agricultura familiar, marca primordial de nossa região, garantindo ao trabalhador condições de produção e de escoamento de seus produtos para o mercado. Frei Gilberto ressaltou ainda a necessidade de maior apoio às organizações e associações, bem como sindicatos, que lutam pelos direitos dos trabalhadores(as) rurais.
- A questão da Juventude. Foi dada ênfase ao extermínio de jovens em nossas periferias urbanas, principalmente negros e pobres e a violência contra a mulher. Os presentes foram alertados sobre a necessidade de se investir mais em educação, esporte e geração de renda, como medidas eficazes no combate ao tráfico e uso de drogas.
- A questão da participação popular. Frei Gilberto falou da importância da transparência na gestão dos recursos públicos, garantindo à população a participação nas decisões, seja através de assembleias, como dos conselhos municipais que devem ser incentivados pelos gestores. Inspirando-se nas palavras do Papa Francisco que pede aos padres para serem “pastores com cheiro de ovelhas”, Frei Gilberto convidou os presentes a serem “políticos com cheiro de povo”.
- A questão dos biomas. Embalado pelo tema da Campanha da Fraternidade deste ano, Frei Gilberto chamou à atenção para vários problemas que envolvem a preservação da Mata Atlântica em nossa região, seja a questão da poluição dos rios, o uso indiscriminado de agrotóxicos e a extração mineral que tem degradado a vida ambiental e cultural de várias cidades de nossa diocese. Alertou para os perigos que o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, com seu entorno, sofrem com a chegada da mineração de bauxita.
Enfim, foi aberto longo debate com os presentes onde este último tema predominou, bem como o atentado com ameaça de morte sofrido por Frei Gilberto, por defender a vida no distrito de Belisário, uma vez que este é importante manancial hídrico para a região e está situado na segunda maior reserva de bauxita do Brasil.