DA HOSTILIDADE À HOSPITALIDADE
Pe. Sebastião Jorge Corrêa
Este tema ocupa todas as páginas de um dos maravilhosos cadernos produzidos pelo Centro de Estudos dos jesuítas da cidade de Barcelona: “Cristianisme i Justícia”. Refiro-me ao caderno de número 196. Colaboram na redação da revista renomados professores universitários e especialistas em teologia e em diversas ciências sociais e humanas, visando favorecer, cada vez mais, o indispensável diálogo fé-cultura-justiça.
Hostilidade e hospitalidade são as primeiras palavras da Introdução. Entre uma e outra nos movemos no desafiador e complexo relacionamento com os migrantes, tema central de toda a reflexão apresentada. Em primeiro lugar são citadas as constantes violações dos direitos humanos, como realidade que simboliza e provoca hostilidade contra as pessoas dos migrantes. Hostilidade que, partindo desse ponto concreto da fronteira, se estende além e para dentro do País. Outro símbolo de hostilidade contra os migrantes seria a exclusão sanitária, nos Centros de Internação dos Estrangeiros (CIE)
A segunda parte do estudo se volta para a hospitalidade, como valor oposto à hostilidade. Precisamos criar uma cultura da hospitalidade. O serviço prestado pelos jesuítas aos migrantes apresenta um rico patrimônio de textos e reflexões. Alguns desses textos se revestem de um caráter técnico: são propostas sobre políticas concretas, voltadas para o conhecimento e aplicação das leis. Outros, buscam aprofundar a reflexão, denunciar profeticamente, conectar-se com a espiritualidade e a teologia.
- AS FRONTEIRAS: HOSTILIDADE SIMBÓLICA E EM AÇÃO
No dia seis de fevereiro deste ano, transcorreu o segundo aniversário da tragédia da praia do Tarajal, em Ceuta, quando um grupo de migrantes intentou alcançar o território espanhol a nado e foi repelido violentamente pelos membros da Guarda Civil, contabilizando 14 mortos e um desparecido. Um grupo de 19 organizações sociais manifesta a sua preocupação pela falta de prestação de contas e pela impunidade com que se pretende encerrar este trágico incidente.
As autoridades responsáveis devem tomar medidas urgentes para garantir a verdade, a justiça e a reparação aos familiares das vítimas, evitando assim que fatos tão graves como estes voltem a se repetir e fiquem impunes diante da justiça. Até o momento, o Ministério do Interior espanhol se nega a assumir qualquer tipo de responsabilidade ante os fatos. Este episódio se une a tantos outros incidentes denunciados por diversas organizações não governamentais, ocorridos na fronteira entre as cidades do Celta e Melilla com o Marrocos, os quais resultam em expulsões sumárias e ilegais e também no uso excessivo de força por parte dos agentes da Guarda Civil e dos membros das Forças Auxiliares Marroquinas.
A tragédia da praia do Tarajal revela também o endurecimento das políticas migratórias na fronteira sul espanhola. Bem como em outros países europeus. Contudo, mesmo com tantas medidas repressivas, com o reforço e militarização das fronteiras, construções de muros e valas, não se consegue deter a entrada dos refugiados e fugitivos de guerra. Ela se torna mais difícil, sem dúvida e as pessoas estão se arriscando mais.
As pessoas em situação administrativa irregular no pais são excluídas de determinados direitos sociais. A exclusão sanitária é um exemplo muito claro, embora não seja o único. O medo de se identificar e ser deportado leva muita gente a se tornar invisível socialmente. Desta forma, o estigma da irregularidade não só conduz as pessoas a aceitar condições de trabalho cada vez mais aviltantes, mas também as impede de criar vínculos e integração no corpo social. A fronteira fica interiorizada. Pode-se dizer que tal fato se deu com mais ênfase especialmente na época em que o mercado de trabalho convocava numerosa mão de obra barata do exterior.
Fala-se muito da imigração regular frente à irregular. Mas menção especial, dentro desta retórica, merece o caso das pessoas que são potenciais solicitantes de asilo político, porque fogem de conflitos e perseguições em seus países de origem. O Mar Mediterrâneo se transformou num grande depósito de cadáveres. Em 2014, o balanço das vítimas é impressionante. Mais de 3.000 pessoas morreram afogadas, ou de frio ou de sede, tentando alcançar pelo mar as costas europeias. Contudo, cerca de 200.000 pessoas foram resgatadas, graças à operação chamada Mare Nostrum, articulada pela Itália e com o apoio europeu.
A União Europeia, diante de tal situação, não consegue defender as suas Fronteiras e parece estar caminhando a passos largos para uma guerra. Como evitar ou tentar resolver tão grave situação?
A fuga de numerosos cidadãos, sobretudo da Síria, exige, por uma questão de humanidade, que sejam acolhidos. Mas tal acolhimento, se resolve um problema humanitário pontual, por outro lado, agrava o problema humanitário global que afeta a Europa. Nos últimos 24 meses, tem aumentado a imigração para a União Europeia (UE) proveniente dos países do sul do Mediterrâneo, do norte de África e do Oriente Médio.
Como explicar o incremento da imigração vinda do Mediterrâneo, norte de África e Oriente Médio? O pano de fundo é o abismo entre o norte do Mediterrâneo, secularizado, vivendo em democracia representativa, rico mas estagnado demográfica e economicamente, face ao sul, pobre e não secularizado, sob regimes mais ou menos autoritários, mas em expansão demográfica e econômica. Contudo este contraste vem de trás e só agora se tornou motivo de grande preocupação e inquietação.
As fronteiras europeias são bastante vulneráveis e não conseguem ser defendidas. Em meio a essas graves preocupações que medidas deveriam ser tomadas? Alguns líderes políticos e economistas apresentam as seguintes sugestões:
a) Aceitar temporariamente somente os refugiados dos países em guerra civil, e só deles, na condição de que, tão logo seja restabelecida a paz, regressem ao seu país de origem, exceto se houver acordo noutro sentido;
b) Trabalhar as propostas de negociação do Presidente Bachar, substituindo aquela estratégia montada na Síria pelo Presidente Obama por medidas mais efetivas; e com o apoio egípcio, devem ser tomadas medidas paralelas em relação à Líbia;
c) Propor uma conferência internacional para o desenvolvimento estatal, econômico e social do sul do Mediterrâneo, com os Estados limítrofes da África e do Oriente Médio, patrocinada pelos Estados Unidos, Brasil, Índia, Rússia, China e Japão, com o principal objetivo de aprovar e começar a aplicar um plano Marshal para a área: investimento e apoio técnico a troco de fiscalização de uma imigração controlada africana e árabe para a Europa. Creio que outras medidas mais eficazes e com mais espírito de solidariedade e acolhida fraterna deveriam ser consideradas e aplicadas.
Além dessas considerações, podemos dizer ainda que o chamado “Movimento Migratório” traz em si duas perspectivas que podem causar conflitos: De um lado, por parte de quem migra, aflora um sentimento de não pertencer à sociedade de chegada. Tal sentimento interfere significativamente nas relações homem-estado, homem-cultura e homem-comunidade. O imigrante se sente um estranho na terra estrangeira e assim permanece por muitos anos. De outro lado, por parte das comunidades que recebem os movimentos migratórios, aflora a resistência pelas influências culturais, impactos econômicos e sociais, com muitas alterações do cotidiano, trazidas pelos imigrantes. Muitas comunidades, buscando a preservação de sua cultura e situação econômico-social, por vezes, deixam de acolher os imigrantes, fomentando sua expulsão, repulsão e ódio.
Estes dois aspectos dos movimentos migratórios são conhecidos de todos nós e viram grandes manchetes nos meios de comunicação, traduzidas em tristes notícias de ataques a estrangeiros, ou histórias de imigrantes que sofreram ou mesmo morreram antes de chegar ao seu destino, etc.
Como compreender, por exemplo, a situação de refugiados de uma guerra civil na África ou no Oriente Médio, se, de outro modo, deixamos de compreender o que chamamos de direitos humanos? Qual o papel da ONU em uma situação extrema de refúgio? Quem são os responsáveis, os que podem auxiliar, qual o papel da comunidade internacional?
Neste cenário, devemos ainda questionar: afinal, o sonho da imigração é mesmo um sonho, ou um pesadelo que só ocorre por um grito de desespero de populações que sofrem em seus próprios países?
O esforço para melhor compreensão do cenário internacional contribui também para que o cidadão possa compreender o seu próprio local no mundo. Este fluxo de informações midiáticas pode servir igualmente para o processo de ensino-aprendizagem de nossos jovens e alunos, hoje: 1. Facilitando a compreensão dos elementos culturais que constituem identidades. Qual a relevância da cultura/religião islâmica, por exemplo, para a Europa? O que significa dizer que há ‘comunidades’ latinas ou asiáticas em Nova York? Até que ponto construímos nossa própria identidade ao negarmos a identidade alheia? Ser imigrante significa renunciar à própria cultura? 2. Ajudando a compreender melhor as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder (interpretando gráficos e mapas, compreendendo relações de poder, analisando o papel dos estados frente a problemas de ordem econômico-sociais e comparando organizações políticas). Como as guerras entre nações interferem nos fluxos migratórios? Por que o crescimento econômico significa a potencial majoração da atração de fluxos populacionais? O que significam as medidas protetoras que limitam a imigração de pessoas? A imigração seria reflexo direto do direito de ir e vir? O que significa montar uma barreira física para dividir países, como no caso de parte da divisa entre os EUA e o México?
- Incentivando a buscar uma melhor compreensão da produção e do papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diversos grupos, conflitos e movimentos sociais. O que significa dizer que o multiculturalismo morreu e por que isso é identificável nos discursos de políticos? Seria a expressão da cultura um direito inalienável do ser humano, ou poderia ele ser limitado pelos estados?
- Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. Por que a imigração é um movimento e qual a sua dinâmica? Por que razão os movimentos migratórios causam atritos entre cidadãos? Até que ponto a globalização tem facilitado o multiculturalismo? Como os meios de comunicação reproduzem os conflitos étnico-religiosos decorrentes de processos migratórios?
Estas são apenas algumas ideias e sugestões, indicadas para o trabalho em grupo com jovens e adultos, tanto nas Paróquias quanto nas Escolas. Entendemos que a problematização dos fluxos demográficos internacionais seja mais interessante que a mera compilação de dados.
- CONSTRUINDO HOSPITALIDADE
Conforme foi assinalado na introdução, no reverso das práticas políticas de hostilidade aos migrantes, encontramos a ideia, as práticas e as políticas de hospitalidade.
A hospitalidade, antes de tudo, seria abrir as portas de nossa casa. Um grande desafio: abrir-se ao estranho e torná-lo parte de nosso mundo. É acolher aquele que é diferente de mim. Quem chega precisa ser acolhido, compreendido, aceito e agasalhado. Que não haja assimetria no encontro, mas reciprocidade, simpatia e empatia. Uma pergunta fica martelando no fundo da consciência: quem acolhe quem? Em segundo lugar, percebemos algo profundamente humano e que vibra bastante quando falamos de hospitalidade. Leonardo Boff afirma que a acolhida traz à luz a estrutura do ser humano. Existimos, porque de alguma maneira, fomos acolhidos. Fomos acolhidos pelo Planeta Terra, pela natureza, pela vida, por nossos pais e pela sociedade. A hospitalidade se liga à nossa condição de seres dependentes, necessitados de cuidados e vulneráveis. Necessitamos dos outros, buscamos o seu reconhecimento, aprovação e amizade. Além disso, podemos dizer que a hospitalidade não é só um valor privado, mas que se verifica também na esfera pública. Trata-se de um valor e de uma prática que é também um dever inclusive legal. Podemos até falar de políticas de hospitalidade. L. Boff fala também de hospitalidade incondicional e da condicional. A primeira seria o ideal da hospitalidade que pode dar-se no âmbito pessoal e comunitário, devendo ajudar na elaboração de boas leis e inspirar políticas públicas generosas que tornem viável a acolhida do estrangeiro, dos imigrantes, do refugiado e do diferente. A segunda, a hospitalidade condicional, seria mediada por leis e instituições, como política pública, necessitando da hospitalidade incondicional para não cair na burocracia e não perder o espírito de abertura, essencial a toda acolhida. Em definitivo, a hospitalidade apresenta uma natureza expansiva e inclusiva. Abre-se a diferentes esferas: nasce no âmbito pessoal, vai amadurecendo no terreno comunitário e social, e alcança sua plenitude quando fecunda as políticas públicas.
Todos os povos orientais tiveram e têm ainda como grande honra a hospitalidade, à qual atribuem um caráter de sagrada inviolabilidade. Foi amplamente praticada pelos hebreus e Deus abençoa a quem a pratica com generosidade. Vamos citar algumas de suas mais importantes manifestações: Gn 18,3-9 ( praticada por Abraão); 19,2-3 (por Lot); Ex 12,19-20 (por Moisés); Js 6,23 (por Raab); Jz 19 (por um levita de Efraim); Jó, 31,31-32 (acolhida do imigrante).
O tema da hospitalidade e a presença da figura do migrante aparecem nos textos bíblicos, na reflexão teológica, no magistério e no pensamento social cristão. A hospitalidade bíblica, sem dúvida, é uma constante fonte de inspiração.
Lendo com atenção o capítulo 18 do livro do Gênesis, podemos nos convencer de que se trata de um dos primeiros relatos bíblicos em que a hospitalidade aparece como algo central e muito importante. Abraão, pai dos crentes, se encontrava junto ao carvalho de Mambré, sentado à entrada da tenda, pois fazia muito calor. Foram vistos na sua frente três homens de pé. Abraão vai correndo ao seu encontro e se prostrou por terra. Tanto ele como sua esposa Sara começam a servi-los. Oferecem água para se refrescar, pão, cordeiro, manteiga e leite para se alimentarem. Abraão reconheceu a presença de Javé naquelas três pessoas. Talvez, tenhamos aí uma incipiente alusão ao Deus- comunidade trinitária, dinamismo da diversidade na unidade.
A acolhida nos leva ao encontro com a divindade. Vencer os preconceitos, a distância e derrubar as barreiras que nos separam do próximo, tudo isso nos conduz à transcendência. Verificamos também que esse gesto de hospitalidade traz bênçãos e fecundidade ao casal e consequentemente para todo o povo de Deus. É o que encontramos nos versículo 09 e 10 do cap. 18 do Gênesis: “Onde está sua mulher Sara? Abraão respondeu: Está na tenda. O hóspede disse: No próximo ano eu voltarei a você. Então, sua mulher já terá um filho”. Tal ato de generosidade possibilita ao povo de Israel assegurar o seu futuro. Do Gênesis podemos saltar ao final do Evangelho de Mateus, onde encontramos o mesmo valor teológico da hospitalidade (cap. 25, juízo final): “Eu era estrangeiro e me receberam em sua casa… Quando te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa? … Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram”. Portanto, acolher o necessitado é acolher o próprio Jesus E não acolhê-lo é rejeitar o próprio Jesus. Para nós, cristãos, este texto nos mostra que Jesus se identifica com os migrantes, em grau máximo. Jesus leva à casa daqueles que o acolhem a amizade, conforto e salvação.
Entre os cristãos, a hospitalidade era chamada frequentemente de “humanitas” (Humanidade), considerada como a manifestação mais autêntica da caridade, era lhe atribuída a mesma função expiatória da esmola. Os Evangelhos mostram que Cristo, depois de tê-la agradecido muitas vezes, colocou-a entre as obras de misericórdia, conforme nos referimos acima no Juízo Final, descrito por Mateus. Outros livros do Novo Testamento mostram igualmente como os Apóstolos recomendaram-na com insistência. “Praticai a hospitalidade”, prescrevia são Paulo aos Romanos (12,13 ; Hb 13,2). E também o Apóstolo suplica que a diaconisa Febe da Igreja de Cencréia seja recebida no Senhor, como convém aos cristãos (Rm 16,1-2). “Praticai a hospitalidade, uns com os outros, sem murmuração” insistia são Pedro (1 Pd, 4,9). São João louva o cristão Gaio pela hospitalidade oferecida aos peregrinos (3 Jo, 5-8). A esta obra maravilhosa deveriam dedicar-se os bispos, diáconos e viúvas (1 Tm 3,2; 5,10; Tt 1,8). Os Padres, escritores eclesiásticos e os teólogos aproveitam-se da ocasião para exaltar o mérito e o dever da hospitalidade. São Clemente assinala a hospitalidade em primeiro lugar depois da fé (I Clementis 10,17). A Didaké recomendava que o irmão capaz de trabalhar seja mantido apenas por três dias (cap. 12). São Cipriano recorria aos seus bens pessoais para socorrer aos peregrinos e necessitados ( Epist. VIII). Cada mosteiro possuía sua hospedaria para acolher os peregrinos e caminhantes. Lembramos apenas a Regra de são Bento, no seu cap. 53, que trata com profundidade do assunto. A Constituição Pastoral do Vat. II “sobre a Igreja no mundo de hoje” (G S ), no número 88 nos afirma: “É obrigação de todo o Povo de Deus aliviar na medida de suas forças a miséria dos tempos atuais, como era costume antigo da Igreja, não só com o supérfluo, mas também com o essencial… pois o espírito de caridade, longe de proibir o exercício previdente e ordenado da ação social e caritativa, antes o impõe”.
Cremos que estas reflexões podem nos ajudar no aprofundamento de nossa vida espiritual pessoal e comunitária e sobretudo nos abrindo para a colhida ao próximo e principalmente o mais necessitado, em nossas comunidades.
CONCLUSÂO
– Podemos dizer que uma parte importante do que aprendemos da Bíblia sobre a hospitalidade não é patrimônio exclusivo da tradição judaico-cristã, mas se encontra presente nas civilizações antigas. O que nos leva a reforçar a convicção de que a acolhida ao forasteiro nos conduz ao transcendente. – Quem abre a porta de sua casa e de seu coração ao estrangeiro, ao imigrante, é abençoado, é transformado espiritualmente pelo Senhor : “Fui forasteiro e me recebestes em vossas casas” . “ Quem vos recebe a mim recebe”. O modo de acolher bem se manifesta pela linguagem não verbal ao alcance de quem é acolhido, por exemplo, através de uma inclinação, em sinal de reverência. Em algumas passagens da bíblia, o hóspede é recebido com grande reverência, com a inclinação da cabeça do anfitrião, beijando os pés ou as vestes do seu hóspede, etc. (Gn 18,2,-3; Mt 18,26). O beijo é outro símbolo da acolhida pessoal. Acrescente-se ainda o gesto de lavar os pés do convidado. A unção com o óleo é outro costume de acolhida. Por último, a acolhida com o coração tem a ver com a capacidade de escuta e empatia com o hóspede.
– No espaço de acolhida se gera um clima de gratuidade, caridade e diálogo sincero. Tais atitudes de acolhida deveriam ser acatadas e praticadas pelas comunidades e países com relação aos imigrantes.
– Apresentamos, finalmente, algumas questões que podem ser debatidas em grupos
a) Foram focalizadas as fronteiras exteriores, interiores e internalizadas na presente reflexão. Elas podem ser percebidas em nossa realidade e de que maneira? Temos consciência das fronteiras invisíveis?
b) Dos argumentos apontados como geradores de hostilidade aos imigrantes, qual parece ser mais comum na sua realidade ou comunidade?
c) Verificamos que as fronteiras territoriais podem favorecem uma ordem global injusta. Podemos imaginar um mundo sem fronteiras? Seria viável ou desejável? Em que termos e condições?
d) Você se lembra de alguma experiência pessoal de oferecer ou receber hospitalidade? Como foi? Você sentiu alguma transformação em sua pessoa ou em sua vida?
e) Como podemos fazer de nosso bairro, comunidade, associação um lugar marcado pela hospitalidade?
f) os valores da hospitalidade poderiam estar mais vivos e presentes na legislação brasileira e nas nossas instituições? Como?
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
MARTÍN, Miguel González. De La Hostilidad a La Hospitalidad. Cristianisme i justícia. Barcelona, 2015, n. 196. (www.cristianismeijusticia.net)
ANCILLI, Ermanno. (Org.) Diccionario de espiritualidad. Barcelona: Herder, 1984.
NOVA BÍBLIA PASTORAL. São Paulo: Paulus, 2014.
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