Confraternização do Clero da Província: Juiz de Fora, Leopoldina e São João Del Rei
Para celebrar o Dia do Padre, na festa do Santo Cura D’Ars, a Diocese de Leopoldina recebeu e reuniu o seu Clero ao da Arquidiocese de Juiz de Fora e ao de São João Del Rei, para uma significativa e profunda celebração da Fraternidade Sacerdotal, neste dia 5 de agosto. Em torno de 150 Presbíteros e Diáconos, estiveram todo o dia conversando, tomando as refeições em comum, com a participação dos seus respectivos Bispos, e celebrando um profundo Momento de Espiritualidade, na Catedral Diocesana de Leopoldina.
Precedendo a adoração e Bênção Solene do Santíssimo Sacramento, o Clero teve a oportunidade de meditar este pronunciamento do celebrante, Monsenhor Waltencyr Alves Rodrigues, pároco da Paróquia de Sant’Anna, em Pirapetinga, Diocese de Leopoldina.
FRATERNIDADE PRESBITERAL
O Concílio Vaticano II no nº 28 da Lumem Gentium diz: “Em virtude da comum ordenação sacra, em virtude da missão, todos os presbíteros estão unidos entre si por íntima fraternidade, que espontânea e livremente se manifesta no mútuo auxílio, tanto espiritual quanto material, tanto pastoral, como pessoal, em reuniões e comunhão de vida, trabalho e caridade”. Há 50 anos atrás se pedia que a primeira pastoral do presbítero fosse o amor fraterno. Na fraternidade presbiteral não é preciso explicar por quais caminhos se andou ou qual a densidade da poeira nos pés ou porque estão feridos. Simplesmente estar juntos. A água do refrigério e do desabafo pode fluir trazendo o descanso. Pois na intimidade a aparência cede lugar à essência. Na fraternidade não há lugar para a mentira, pois só na verdade é que ela se firma. Onde parecia não haver a possibilidade do encontro, a verdade amorosa aconchega, mescla, faz de todos um só. Conheceremos a fraternidade e será a fraternidade que nos trará a verdadeira liberdade. A fraternidade que escuta, que ri, que chora junto, que redime, que alivia o peso do fardo, que estabelece a comunhão. Quando a verdade amorosa desarma o coração do medo da não aceitação e as muralhas da desconfiança vão sendo ultrapassadas e desmontadas, então as pontes que possibilitam o encontro vão sendo construídas e o que é essencial na fraternidade, o amor, pode encontrar passagem e cumprir sua missão: unir os presbíteros, criar comunhão de vida, estabelecer laços de ser. O que identifica o presbítero diante do presbítero são esses laços de ser. É o selo a que se refere o livro do Cântico dos Cânticos: Põe-me como um selo sobre teu coração, como um selo sobre teus braços… de irmão. O desejo então é o de querer estar sempre juntos partilhando a vida. Presbítero não são iguais. Estar em fraternidade com uma pessoa não é o mesmo que estar com outra. Isso porque a fraternidade nasce do encontro com a identidade do outro. Sobre a fraternidade presbiteral valeria a pena reler a parábola de Jesus sobre o semeador. Como não se lembrar da semente caída entre os espinhos, aqui parafraseada: a semente que caiu entre os espinhos representa aquele que viveu bem a fraternidade, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa. Poderíamos tomar toda parábola e onde lemos ”palavra” colocar fraternidade presbiteral e vejamos a comparação que se estabelece. Aceitar viver em fraternidade é também abrir-se ao pacote completo da vida do outro, assumindo a leveza, mas também o peso. Gosto de Paulo quando dá uma dimensão bem prática do relacionamento ao dizer aos colossenses: suportem-se uns aos outros. Certas horas amar é agüentar o peso dos outro. Às vezes também, somos tão mal resolvidos pessoalmente que o que mais incomoda não é o peso, mas a leveza que não se deixa prender, que não suporta as grades. Vivenciar a fraternidade presbiteral é uma aventura feita de riscos, de alguma dor, mas é também a mais apaixonante realidade que o presbítero pode experimentar, pois a intimidade é a característica que marca o Deus em que cremos: A trindade. Viver a
fraternidade presbiteral é aproximar-se mais e mais da imagem e semelhança a qual fomos criados por Deus que nos escolheu. Digamos sempre, mesmo que no silêncio do nosso coração: Meu irmão, bem vindo ao meu coração. Martin Luther King disse certa vez: Temos que aprender a viver juntos como irmãos ou pereceremos todos como loucos. É em Jesus que vamos buscar coragem para construir a verdadeira fraternidade e a verdadeira paz de irmãos.