“A história da diocese” foi uma frase utilizada por muitos para designar o Monsenhor Antônio José Chámel, falecido na tarde desta sexta-feira, 20 de janeiro de 2023. O sacerdote tinha uma memória surpreendente, lembrando de fatos, datas e muitas histórias que vivenciou e estudou.
Dentre diversos depoimentos, uma gravação inédita para o projeto “História da Diocese de Leopoldina e de seus bispos”, coordenada pelo professor de ‘Cultural Geral’ do Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, padre Fernando José de Freitas e conduzida pelo então seminarista Jonathan Neiva, conta detalhes sobre o ministério episcopal de Dom Gerardo Ferreira Reis, segundo bispo diocesano de Leopoldina e o que mais tempo governou esta Igreja particular, por 24 anos.
Ao longo dos trinta e sete minutos de entrevista, Monsenhor Chámel lembra quando a nomeação de Dom Reis para Leopoldina foi anunciada pelo Reporter Esso, principal noticiário do radiojornalismo brasileiro à época.
Contou detalhes de sua chegada, dos primeiros atos como bispo, de sua participação nas audiências do Concílio Vaticano II, da crise vocacional que culminou com o fechamento do seminário diocesano, bem como a sua participação decisiva em trazer padres estrangeiros para trabalharem na região, vencendo assim a crise de falta de padres.
Falou sobre a perseguição que Dom Reis sofreu na ditadura, quando uma equipe de militares vistoriaram o seminário de Eugenópolis, gerando assim um discurso de protesto por parte de Dom Reis e, desde então, o bispo de Leopoldina passou a ser taxado como “comunista”.
“O que marcou o ministério episcopal de dom Reis é que ele passou a cuidar muito da formação pastoral e espiritual dos leigos através do Cursilho de Cristandade, conseguindo estruturar uma equipe de leigos muito boa na diocese, que até os dias atuais tem um apostolado marcante”, finalizou.