Faleceu no dia 25 de junho de 2022, aos 87 anos, o Monsenhor José Antônio Alvarez Muñiz, vítima de um infarto, em seu apartamento localizado em Cataguases (MG).
De origem espanhola, deixou sua pátria, embarcando em um navio rumo ao Brasil, em 1960, exercendo um trabalho missionário quanto ao Anúncio na Palavra de Deus, sendo acolhido como muito carinho nas regiões por onde trabalhou.
Na Diocese de Leopoldina foi administrador diocesano na vacância entre 1996 e 1998, sendo responsável por importantes decisões frente esta Igreja particular. Exerceu seu ministério sacerdotal em paróquias nos municípios de Cataguases, Muriaé e Ubá, notabilizando-se pelo importante trabalho pastoral desenvolvido.
As Missas Exequiais aconteceram na Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, em Cataguases, onde ele foi pároco. Ao todo foram quatro celebrações eucarísticas entre sábado e domingo, sendo a última presidida por dom Edson Oriolo e concelebrada por sacerdotes do clero diocesano, com a participação de seminaristas, fiéis e amigos de diversas regiões que marcaram presenças para despedir-se do Monsenhor Muñiz. Os familiares acompanharam pelas redes sociais a transmissão ao vivo da Santa Missa, direto da Espanha.
Em homilia, dom Edson Oriolo fez um agradecimento público a todos que o cercaram pelo carinho e o amavam como um verdadeiro pai, pastor, amigo e irmão. “De forma muito particular, a Diocese de Leopoldina externa gratidão a senhora Diana. Nosso reconhecimento pela dedicação, zelo e carinho com o Monsenhor Muñiz”, agradeceu.
O bispo de Leopoldina destacou ainda o dinamismo, atuação pastoral e mentalidade de comunidades ligadas em redes, pois, o Monsenhor Muñiz, enquanto pároco de Nossa Senhora do Rosário de Cataguases, criou muitas comunidades eclesiais missionárias nos bairros, sobretudo nas periferias.
Também em homilia Dom Edson Oriolo revelou uma correspondência assinada pelo Monsenhor Muñiz comunicando o bispo seu planejamento para fazer uma viagem à Espanha, entre os meses de setembro e outubro, para rever os familiares, solicitando ainda um documento denominado “celebret”, para que o mesmo possa exercer o ministério, sobretudo celebrar a Santa Missa por lugares onde ele pretendia passar.
O bispo fez uma leitura de sua resposta, desejando momentos de alegrias de Muñiz junto aos familiares. “Certamente serão momentos de muita alegria junto aos seus queridos familiares, nas belíssimas paisagens da sua Espanha natal. Estimo uma ótima viagem e uma estada proveitosa, mas, também, um feliz regresso, pois aqui todos apreciamos a sua presença e testemunho sacerdotal”, relevou.
Infelizmente, o Monsenhor José Antônio Alvarez Muñiz não conseguiu realizar o sonho de visitar seus familiares, falecendo antes da viagem planejada.
Após a Santa Missa, os fiéis se reuniram em frente da Igreja Matriz do Rosário para rezar enquanto o caixão era carregado até o carro funerário, sendo transladado para o Memorial Santa Rita Crematório, em Tocantins (MG), acompanhados pelo vigário geral da Diocese de Leopoldina, Monsenhor Alexandre dos Santos Ferraz, que conduziu os últimos momento de oração no crematório.
Os restos mortais, em forma de cinzas, serão oportunamente depositados no jazigo de seus pais, em Lama de Grado, região das Astúrias, na província de Oviedo, no norte da Espanha.
Vários sacerdotes manifestaram testemunhos sobre o Monsenhor Muñiz, como o Padre Marcelo Sério Barros, que destacou que o Mons. Muñiz foi um grande exemplo missionário, desde quando chegou na Diocese de Leopoldina, assumindo à Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Cataguases (MG). “Me chamou a atenção sua coragem. Estava no início da minha caminhada no seminário, quando o administrador diocesano criou um dos maiores projetos que nossa diocese viveu até hoje, denominado Vai Missionário”, elogiou.
Padre Silas Geraldo comentou que o Monsenhor Muñiz escolheu servir a Igreja no Brasil desde o início de seu ministério. “Aqui doou toda sua vida. Marcará nosso viver com o testemunho de um homem prático e generoso”, comentou.
O padre Eduardo Francisco comentou que teve o privilégio ser acolhido pelo Monsenhor Muniz na Paróquia Imaculada Conceição, em Muriaé (MG), quando foi ordenado diácono. Nessa convivência desenvolveu conhecimentos em administração de conflitos pastorais, visitas às famílias, aos enfermos, além de acompanhar as obras das capelas.
“Ele esteve presente em minha ordenação presbiteral e em diversos momentos na paróquia onde assumi a função de administrador paroquial. Jamais esquecerei de nossas idas e vindas das reuniões da diocese e de nossa convivência fraterna. Estará sempre viva em minhas lembranças seus ensinamentos e disposição em servir a Deus, sobretudo a cada fiel em que visitava, ungia e rezava. Descanse em paz, meu amigo e mestre”, comentou.
Sobre o Monsenhor José Antônio Alvarez Muñiz
Monsenhor José Antônio Alvarez Muñiz nasceu no dia 18 de junho de 1935, em Lama de Grado, região das Astúrias, na província de Oviedo, no norte da Espanha. É o quarto dos seis filhos de José Ramón Alvarez e Maria Luisa Muñiz Alvarez, sendo seus irmãos Josefina, Manuel, Ramón, Maria Luisa e Enrique.
José Antônio foi batizado na Igreja San Esteban, sendo seus padrinhos Don Enrique Araújo Menendez, amigo de sua família, e a sua avó paterna, Doña Ramona Alvarez Fernandes.
Viveu a infância e juventude em sua terra natal. Fez o curso primário no Grupo Escolar Maria Josefa e na Escolinha dos Pequenos Cantores de Covadonga.
Ingressou no Seminário Menor em Valdediós, permanecendo entre 1948 a 1951. Posteriormente estudou no Seminário Maior de Oviedo, vindo a concluir seus estudos no Seminário Hispano-Americano, em Madri.
Monsenhor Muniz também cursou ciências sociais e pedagogia. Foi ordenado diácono no dia 22 de dezembro de 1958, no Seminário de Oviedo. Já no Seminário Hispano Americano, foi ordenado sacerdote no dia 21 de junho de 1959.
Iniciou seu ministério sacerdotal na Paróquia de Udrion, localizada nas proximidades de Trúbia e na Paróquia de Endriga e Veigas, na divisa com a província de Leon.
Em novembro de 1960, embarcou num navio rumo ao Brasil, dando continuidade à sua missão sacerdotal no sertão do estado de Goiás, sendo vigário de Itaberaí, onde ficou por alguns anos.
Posteriormente trabalhou em Belo Horizonte, como capelão dos Irmãos Maristas, sendo também vigário cooperador do Pe. Aguinaldo Leal, pároco da Paróquia Santo Antônio; Depois Dom João de Resende Costa o nomeou como pároco da Paróquia do Menino Jesus, no bairro Santo Antônio, onde permaneceu por 21 anos (1964 a 1985).
Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi vigário episcopal, exercendo um papel fundamental no encaminhamento de ordenações sacerdotais.
Também foi professor de História da Educação, na Faculdade de Filosofia de Belo Horizonte. Foi secretário do Regional Leste II e coordenador de pastoral da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Em 1985 foi para o estado do Espírito Santo, no município de Guarapari, exercendo seu ministério na Paróquia Nossa Senhora da Conceição por seis anos.
Foi professor de Sociologia Religiosa e História da Igreja no Instituto de Teologia e Filosofia de Vitória. Também na Arquidiocese de Vitória foi vigário episcopal da região sul. Mais tarde foi para Viana (ES), exercendo sua missão sacerdotal por mais dois anos em terras capixabas.
Monsenhor José Antônio Alvarez Muñiz foi convidado pelo então bispo de Leopoldina, Dom Ricardo Pedro Chaves, para exercer o seu ministério sacerdotal no município de Cataguases (MG), na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, onde foi empossado pároco no dia 28 de janeiro de 1994, permanecendo até 31 de dezembro de 2004.
Em Cataguases (MG) recebeu o título de cidadão honorário, pois foi responsável pelo desenvolvimento pastoral da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, construindo inúmeras capelas no território paroquial. Também foi responsável pela criação do curso de teologia para leigos, além de tantas outras frentes de trabalhos desenvolvidas.
Com a transferência de Dom Ricardo para a Arquidiocese de Pouso Alegre (MG), assumiu o cargo de administrador diocesano (03/12/1996 a 11/09/1998), sendo responsável por conduzir importantes decisões, juntamente com o clero. Foi o responsável pela criação da Paróquia São Benedito, em Leopoldina (MG). Sua gestão como administrador diocesano também foi marcada pela decisão de transferir o Seminário Maior Nossa Senhora de Guadalupe de Belo Horizonte para Juiz de Fora, em 1996.
Monsenhor Muniz também foi pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Muriaé (01/01/2005 a 06/06/2015); Vigário paroquial da Paróquia São Januário de Ubá (07/06/2015 a setembro de 2020).
Nos últimos anos vivia em Cataguases (MG). Faleceu na manhã do dia 25 de junho de 2022.