No próximo dia 27 de novembro, às 09h, na Comunidade Imaculada Conceição, localizada no Distrito de Sereno, em Cataguases (MG), o diácono Márcio José Ferreira Júnior será ordenado sacerdote, pela imposição das mãos de dom Edson Oriolo. Nesta ocasião, a assessoria de imprensa da Diocese de Leopoldina fez uma entrevista com o futuro padre desta Igreja particular, para que o Povo de Deus conheça um pouco mais de sua trajetória.
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Sua bênção, Diác. Márcio! Como estão os preparativos para a ordenação?
Deus abençoe a todos! Pois é, o grande dia se aproxima e as expectativas são ainda maiores. Graças a Deus, toda minha comunidade paroquial, pelo auxílio do Padre Juliano, tem se envolvido nesse processo de preparo para a cerimônia, com isso, vejo que tudo está encaminhando bem. O que falta agora, creio eu, é somente a execução de todo o planejado até aqui, para que bem possamos celebrar esse momento.
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Conte-nos um pouco sobre sua origem familiar, o lugar onde nasceu…
Sou o filho mais velho de um casal de filhos. Meus pais de origem santanense se casaram dois anos antes de meu nascimento e desde então construíram seu lar em Sereno, local onde acontecerá a ordenação, isso para facilitar os trabalhos de cada um, tendo em vista que minha mãe sempre trabalhou em Cataguases. Durante dez anos fui filho único, até que em 2006 fomos agraciados por tão grande presente de Deus, um carinho divino verdadeiramente, minha irmã nasce em junho desse ano e tudo se transforma em novidade em nossa casa. Família simples e bem caseira que pôde me transmitir valores e princípios fortes que carrego até hoje em minha vida. No ano de 2009, infelizmente ocorreu o triste falecimento de meu pai, ficando apenas nós três. Um tempo difícil e desafiador, mas que fomos sustentados pela mão de Deus até o hoje de nossa história.
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Santana de Cataguases é atendido pela Paróquia Sant’ana, da qual o senhor é vocacionalmente filho. Quais são suas lembranças de criança das Santas Missas?
Desde muito cedo iniciei minha caminhada na comunidade de fé, em minha Paróquia. Ligado mais diretamente a Comunidade Imaculada Conceição de Sereno, fui coroinha com 6 anos de idade. Sempre muito empolgado e curioso com tudo que a liturgia possui, fui crescendo nessa alegria em servir o altar desde muito novo. Presenciei, ainda bem novo, a passagem de Padre Geraldo Chaves como Pároco, e depois a presença do Padre José Carlos Leite, em que considero o tempo mais forte de gestação de minha vocação. Lembro-me com clareza de suas missas, semanas santas, festa de Corpus Christe, suas homilias e sua presença sadia na fé de nosso povo. Creio ter sido aí que a semente vocacional foi plantada. Todo esse momento foi sendo trilhado com bastante alegria em meu coração.
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Quando surgiu o desejo de ser padre? Algum fato específico o motivou para o caminho vocacional?
O desejo, creio eu, ser antigo em meu coração, porém de forma velada. Somente por volta de 15 anos de idade que fui começar a externar esse desejo. Toda essa caminhada que mencionei acima foi como um santo laboratório dessa vocação, entretanto somente após essa idade e após ter começado a falar desse assunto, que tudo foi se clareando, como que se tudo o que acontecia ao meu redor fosse uma confirmação para esse desejo. Conversas com o próprio Padre Leite, com pessoas da comunidade, participação em ordenações de padres que hoje já exercem seu ministério em nossa diocese. Todos esses fatos foram bastante responsáveis para que eu desse esse passo na vocação.
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Poderia citar nome(s) de pessoas que o influenciaram no caminho vocacional?
Temeroso de cometer injustiças pelo esquecimento, penso sim existirem pessoas bastante especiais em minha vocação. Cito novamente o Padre José Carlos, quem me apontou horizontes; um casal de amigos que me incentivaram desde muito cedo no movimento dos Coroinhas, Jerônimo e Luzia; na catequese, que sempre foi um outro amor que vivi nesse tempo, na pessoa da Dona Eunice, uma grande mestra de todos nós, com sua singular inteligência; Auxiliadora, a zelosa sacristã que sempre cuidou e preservou a dignidade da liturgia, por meio das alfaias de missa. Sempre muitas perguntas e profundas conversas apareciam entre nós e desse modo, fui sendo influenciado positivamente, para esse caminho vocacional. Sem dúvidas alguma, muitas outras pessoas têm responsabilidades em minha vocação, no entanto, destacando apenas essas, realço os principais movimentos que participei.
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Como a família ajudou no processo de discernimento vocacional?
Em um primeiro momento, não foi fácil a aceitação da família. Pela perda recente de meu pai, o peso em deixar casa, mãe e irmã não foi leve e nem fácil. Olhando para trás não consigo vislumbrar outra coisa senão a graça de Deus que me deu força e coragem para ir. Porém, ao longo de toda minha caminhada, destaco alegremente que a presença de minha família foi de qualidade. Me sustentando quando precisei e me incentivando a continuar sempre. Prova disso hoje, é todo o empenho que eles possuem nos preparativos para esse grande momento da minha vida.
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Antes de ingressar no seminário diocesano, realizou um importante trabalho na catequese da Paróquia Sant’ana. Fale um pouco sobre essa experiência.
Sempre gostei muito da Catequese, pois reconheço nela o primeiro momento que nos encontramos definitivamente com Jesus, de modo livre e pelo nosso próprio conhecimento. Por meio do anúncio querigmático, a catequese nos auxilia a conhecermos mais o Mestre. Essa foi a minha experiência, por isso sempre desejei que outros também a fizessem por meio dela. Agradeço aqui mais uma vez, a Dona Eunice, quem me incentivou e apoiou todo instante nesse caminho. Tenho muitos pontos hoje em minha vida de fé que reconheço oriundos de minha catequese e desse tempo de trabalho nessa Pastoral.
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Conte-nos um pouco sobre sua vivência no seminário. Quais foram os principais desafios?
O tempo de seminário é um tempo de ricas e profundas experiências. Experimentamos bons momentos; uns alegres outros tensos; uns de euforia e outros difíceis. Contudo, todos são para o nosso crescimento e isso posso afirmar categoricamente. Como cresci nesse tempo de Seminário. É um caminho de progressão! Ainda bem pouco maduro somos acolhidos no seminário para uma convivência fraterna na comunidade, com pessoas bastante diferentes de nós, sem a família e em lugares novos. Porém hoje vejo quão boa foi essa experiência. Agradeço a Deus por cada irmão de convivência, pois com seu jeito próprio com certeza me marcou e me ajudou a crescer. Destaco aqui a importante presença de meus Reitores: Padre Rodrigo na etapa do propedêutico, Padre Edmilson no seminário Maior e recentemente, no tempo do diaconato, Padre Paulo. Cada um com seu jeito e sua maneira de formar, à luz do Espírito, me ofereceram coisas boas que estarão sempre presentes em meu ministério. Enfim, entre tantos, destaco a distância da família e a intensa rotina de convivência como os principais desafios, mas desafios que geram coisas boas em nós.
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Como seminarista, teve a oportunidade de conhecer o trabalho da Diocese de Leopoldina neste sudeste das Minas Gerais. O que mais te encantou nessa caminhada?
Sem dúvida alguma, a fé e o carinho de nosso povo em resposta ao trabalho de nossos Padres. Pelas paroquias que passei, seja na pastoral ou em outros trabalhos mais corriqueiros, a alegria do povo em servir e estar presente na vida das comunidades, por meio do testemunho estimulador de nossos padres me encantavam. Há poucas, mas existem algumas cidades que não conheço ainda na diocese, mas de modo muito tranquilo afirmo que percebi por onde passei como seminarista, essa marca encantadora. As pessoas sendo envolvidas pela evangelização e buscando ser esse testemunho de amor para os irmãos.
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Há 7 meses o senhor foi ordenado diácono, exercendo um trabalho pastoral na Paróquia São Cristóvão e Imaculada Conceição de Cataguases. Conte-nos como está sendo essa experiência?
Vejo como carinho de Deus, sem dúvidas! Fui acolhido com muito amor e entusiasmo daqueles que ser vem o Senhor nessa Paróquia. Cheios de desejo em caminhar e serem conduzidos no trabalho e na missão pastoral, esse povo viveu comigo esses quase sete meses, na expectativa desse grande dia que se aproxima; sonharam comigo, rezaram comigo, incentivaram-me nas atividades realizadas até aqui e principalmente foram presença em minha caminhada e em meu ministério diaconal. Gratidão por tudo! De modo especial, gratidão ao Padre Edson que me conduziu na alegria fraterna nesses meus primeiros passos paroquiais. Deus seja louvado por essa tão grande graça!
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Qual o lema escolhido para sua ordenação presbiteral? Faça uma reflexão sobre essa inspiração.
Escolhi o versículo 16 do salmo 115: “Eis que sou o vosso servo, ó Senhor!”. O servo é aquele que se encanta pelo Mestre depois de fazer a bonita e profunda experiência de Amor. Vejo assim meu futuro ministério sacerdotal. Quero pautá-lo nesse encanto constante e diário pelo Mestre que me diz: Segue-me. Como diz o Salmo, este servo também é aquele que eleva sempre o Cálice da Salvação, portanto, pelos sacramentos, buscarei ser também sinal de salvação aos que a mim forem confiados. Enfim, o serve se faz disponível ao seu Mestre. Quero me colocar sempre em disponibilidade ao Senhor da vida!
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Prestes a ser ordenado sacerdote, quais as suas expectativas para o exercício de seu ministério?
Sem dúvidas, há um temor pelo novo que virá, porém reconheço que sendo ele de Deus, coisas boas também acontecerão. Minhas expectativas são as melhores possíveis e inspirado em meu lema, quero unir-me ao clero de nossa diocese, que já vive em cada padre esse caminho, como esse servo que diariamente dispensará ao nosso povo pela Palavra e pelos Sacramentos, bonitos caminhos de salvação. Espero, na alegria, poder ofertar meu tempo por aqueles que precisarão de mim e de meu sacerdócio.