O antídoto de Maria
“Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada”. (Lc 10, 38-42)
Vivemos o início de um mês muito especial para a Igreja. Todos os trinta e um dias de maio são oferecidos à Virgem Maria, Mãe de Deus Filho e, por herança, nossa Mãe. As ideias que se seguirão têm o singelo objetivo de alcançar os corações humanos, a partir da meditação do texto do Evangelho segundo Lucas.
Ao nos depararmos com esses versículos, podemos notar o quão atuais eles são. A Palavra transcende a barreira do tempo, é atemporal, isto é, não se compreende em um período determinado da história. Digo ser contemporâneo porque no relato do evangelista vemos explicitamente aquilo que a sociedade moderna eficazmente vem inserindo no pensamento humano: a necessidade de fazer muitas coisas de uma só vez.
Desde a criação do mundo os dias se apresentam e se retiram nos mesmos intervalos de tempo, ou seja, doze horas para o sol e doze horas para a lua, formando um dia, prazo suficiente para realizar todas as atividades necessárias. Como podemos, então, na atualidade, dizer que não temos tempo? De fato, todos nós temos sido infectados com aquilo que eu chamaria de síndrome de Marta.
O individualismo disfarçado de independência que somos constantemente subjugados a buscar, o exílio do mundo ao redor que a tecnologia vem proporcionando e a extrema dificuldade em partilhar experiências e realizar trabalhos em conjunto são sintomas veementes de tal “enfermidade”. Não se trata de uma suposição, mas sim de um mal presente no meio de nós, que nos fere a cada dia. A boa notícia é que já existe um antídoto a tudo isso. Seu nome? Maria!
Maria, a irmã de Marta, não é a Mãe do Salvador, mas tem atitudes semelhantes às da Virgem Santíssima. Ao invés de estar atribulada, permanece serena; prefere ouvir a falar; para ela, estar na presença de Jesus é mais importante do que qualquer outra atividade. Essa Maria se coloca aos pés do Senhor, assim como a Cheia de Graça se coloca aos pés da Cruz. O gesto humilde de se inclinar aos pés do Mestre revela que nenhuma delas tem pretensão de estar numa posição mais elevada que o Filho de Deus.
Façamos, caros leitores, a experiência de viver como as Marias. Coloquemos Cristo em primeiro lugar, busquemos estar aos seus pés, joguemos fora tudo aquilo que nos afasta do caminho da Cruz. O grande desejo de Jesus é que sejamos como Maria, irmã de Marta, atentos à sua palavra que salva, cura e liberta! Escolhamos, pois, a melhor parte!
Maycon Zeni
Seminário Propedêutico Santa Rita de Cássia