Gustavo Vaz de Melo Namorato
O povo, reunido na unidade que procede da unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, é a Igreja, o templo de Deus edificado de pedras vivas, no qual o Pai é adorado em Espírito e em verdade. Com razão, pois, desde os tempos antigos, se chamou também “igreja” ao edifício onde a comunidade cristã se reúne para aí ouvir a palavra de Deus, orar em conjunto, receber os sacramentos, celebrar a Eucaristia (Pontifical Romano, Cap. II, n.
Quando a construção de uma igreja chega ao seu término, celebra-se a “dedicação”, que pode ser traduzida como consagração, sagração ou inauguração. Toda igreja é dedicada por excelência à Santíssima Trindade, a Nosso Senhor Jesus Cristo e seus títulos; ao Espírito Santo, a Santíssima Virgem, aos Santos Anjos, e aos santos.
Neste antiquíssimo rito, além da liturgia da palavra e da liturgia eucarística, a igreja é aspergida, evidenciando um clamor para que todo local seja purificado, lavado por Deus tanto as paredes quanto cada fiel que participar. Ocorrem as unções da parede e do altar, aquela mesa que será usada para o sacrifício eucarístico, a unção ainda exala aquele belo e agradável odor do qual todos somos chamados a exalar, o odor de Cristo. Incensando o templo, a fumaça que sobe aos céus são as nossas orações, nossos pedidos elevados ao Pai. Sabe-se também, que desde os primeiros séculos, celebrava-se nas catacumbas sobre as relíquias dos mártires, os santos que deram a vida por amor a Jesus Cristo; assim, a deposição das relíquias no altar, nos recorda a doação, a entrega dos santos como resposta ao amor divino. Por fim, o acendimento das velas mostra que Cristo é a Luz que ilumina, a Luz por excelência que nos tirou da escuridão, por Ele somos iluminados, por Ele também iluminaremos onde chegarmos, levando a luz que é Cristo.
Em dezembro de 1961, o bispo diocesano de Leopoldina, Dom Gerardo Ferreira Reis, chegava à cidade de Ubá para coroar a suntuosa construção que há anos era idealizada por tantos ubaenses. Como a antiga capela de São José, localizada onde hoje é a Praça da Independência, servia de matriz, a novena em preparação para a solenidade da dedicação da igreja e todas as outras atividades religiosas, com o mesmo intuito, ocorreram nela. No dia 06 de dezembro aconteceu a primeira parte do rito, dedicando o templo, e no dia seguinte, logo pela manhã, com a dedicação do altar o solene rito foi concluído. Outras cerimonias religiosas marcaram também esse dia, como o cântico do “Te Deum”. Para que todos os fiéis católicos pudessem participar das festividades, a administração municipal decretou feriado. No dia oito, em que se celebra a Imaculada Conceição da Virgem Maria, aconteceram diversas missas em agradecimento pela conclusão das obras e também pela generosa contribuição de todos benfeitores.
Portanto, celebrar os 60 anos da dedicação da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, é celebrar a ação de Deus, que todos os dias anima seu povo a dar continuidade no grande projeto da salvação anunciando por Cristo e que chega até nós. É também, agradecer a dedicação de ubaenses, de bispos, padres e de todo povo de Deus, que se esforçaram para construir, ampliar e zelar o grandioso templo que carinhosamente chamamos de “Igreja do Rosário”, casa da mãe de Deus.
Seminarista da Diocese de Leopoldina (2º ano de Filosofia).