O povo de Deus presente na região sudeste das Minas Gerais se despediu do querido e amado padre Antônio, exemplo de santidade que passou durante os seus 66 anos de ministério sacerdotal buscando os cansados, os doentes, os pobres, sendo exemplo de solidariedade e bondade. O seu lindo testemunho de fé mudou a vida de muitas pessoas e, portanto, sua despedida foi marcada por muita emoção.
Monsenhor Antônio Chámel, carinhosamente chamado por todos como padre Antônio faleceu no final da tarde desta sexta-feira, 20 de janeiro de 2023, em Leopoldina (MG). Ele deu entrada na Casa de Caridade Leopoldinense um dia antes, com o quadro grave de pneumonia.
O sacerdote faleceu no dia de São Sebastião, padroeiro da sé episcopal da Diocese de Leopoldina, a Catedral de São Sebastião. O féretro foi transladado para a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário na noite do dia 20 de janeiro, sendo celebrada uma Santa Missa na mesma noite, presidida pelo padre Fernando José de Freitas. A Paróquia do Rosário de Leopoldina foi uma das primeiras experiências de seu ministério sacerdotal. Monsenhor Chámel declarou em vida o desejo de ser velado nesta Igreja dedicada a Nossa Senhora.
Durante a madrugada muitos fiéis participaram do velório. Na manhã de sábado, três celebrações eucarísticas foram realizadas, presididas pelos padres Wallace Andrade Teixeira, Márcio Ferreira Júnior e Adilson José Dias Nery, além da participação de vários sacerdotes do clero diocesano e de pessoas de diversas regiões.
O bispo diocesano, dom Edson Oriolo, presidiu Missa Exequial às 15h, concelebrada pelo arcebispo metropolitano de Juiz de Fora, dom Gil Antônio Moreira e pelo bispo de São João Del Rei, dom José Eudes Campos do Nascimento, que também exerceu o seu ministério episcopal na Diocese de Leopoldina.
Em homilia, dom Edson Oriolo comentou que o Monsenhor Chámel há de ser recompensado pelo o bem que fez, pela vida que doou em prol da Diocese de Leopoldina, pelos corações que transformou, pelo Evangelho que anunciou, pelos doentes que ungiu e por tantas pessoas que abençoou. “Foram 66 anos proclamando a Palavra de Deus, anunciando o Evangelho e mostrando caminhos. Ele amou declaradamente a cidade de Leopoldina. Concluiu sua jornada terrena justamente no dia de São Sebastião, patrono do município e de nossa catedral”, comentou o bispo.

Dom Gil Antônio Moreira, arcebispo metropolitano de Juiz de Fora, foi quem presidiu o rito das exéquias
Dom Edson comentou ainda sobre o respeito do Monsenhor Antônio Chámel pelos oito bispos com quem trabalhou, dizendo que ele foi um exemplo de amor pela diocese e pela comunhão presbiteral. “Que ele descansa em paz e interceda a Deus pela santidade de nosso clero e da nossa diocese”, concluiu.
Seus sobrinhos e demais familiares participaram das celebrações eucarísticas e demonstraram gratidão a Diocese de Leopoldina e seu povo. Uma de suas sobrinhas manifestou o quão ele amou Leopoldina e fez questão de deixar registrado o desejo de ser sepultado em um dos túmulos da diocese, onde também estão os restos mortais do Monsenhor Guilherme de Oliveira.
Após a Missa Exequial, os fiéis saíram em cortejo fúnebre, sob chuva, até o Cemitério Público Municipal Nossa Senhora do Carmo, onde o Monsenhor Antônio José Chámel foi sepultado.
Dom Gil Antônio Moreira, arcebispo metropolita de Juiz de Fora, foi quem presidiu o rito das exéquias. Por um momento ele lembrou que conheceu o padre Antônio antes mesmo de ser bispo, ocasião em que visitava o seu primo Dom Sebastião Roque Rabelo Mendes, terceiro bispo diocesano de Leopoldina. Desde então estabeleceu uma relação de amizade.
Dom José Eudes Campos do Nascimento comentou que a morte trás muita tristeza, pois é difícil perder alguém que amamos, mas para os que creem em Jesus Cristo a morte é apenas a passagem para uma nova vida. “Nosso irmão Monsenhor Chámel encontra-se em paz, olhando e intercedendo por todos nós. Que bela atitude do monsenhor deixar escrito que gostaria de ser sepultado em Leopoldina, no túmulo que ajudou a preparar para os padres da diocese. Ele ficará marcado em nossas vidas”, comentou.
Sobre o Monsenhor Antônio José Chámel
Antônio Chámel nasceu no dia 29 de janeiro de 1934, no então Distrito de São Geraldo, cujo território pertenceu ao município de Visconde do Rio Branco. Os seus pais vieram do Líbano para morar no Brasil. A sua mãe, Da. Gurra Habibi José foi uma religiosa que inspirou toda a família, pois rezava o terço de Nossa Senhora todas as noites e tinha o hábito da comunhão diária. O seu pai, o Sr. Chámel José, foi companheiro de estudo de Khalil Gibran, poeta, filósofo e pintor do mundo árabe, reconhecido internacionalmente.
Antônio Chámel foi o mais novo família de cinco filhos: Judith (in memoriam), Júlia (in memoriam), Miguel (in memoriam) e Oiliam José (in memoriam), esse último, foi advogado, professor, escritor, historiador, presidente da Congregação Mariana e membro da Academia Mineira de Letras.
Com apenas dois meses de vida, mudou-se para a cidade de Visconde do Rio Branco, onde foi batizado na Igreja Matriz São João Batista, no dia 11 de julho de 1934. Fez o seu curso primário no Grupo Escolar Dr. Carlos Soares, também em Visconde do Rio Branco.
Sua família foi a inspiração para se tornar padre e, com apenas onze anos de idade, iniciou os seus estudos no Seminário Menor Nossa Senhora da Boa Morte, em Mariana (MG), cursando o ginasial, o segundo grau (1945 a 1950) e a formação acadêmica em filosofia (1951 a 1952). Já no Seminário Maior São José, também em Mariana, cursou teologia (1953 a 1956).
Quando a Diocese de Leopoldina foi criada ele tinha apenas sete anos de idade. “Me recordo quando o vigário anunciou na missa, em Visconde do Rio Branco, a desvinculação da Arquidiocese de Mariana. Eu era criança ainda”, comentou Chámel em uma de suas entrevistas.
No contexto anterior à reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, antes de sua ordenação sacerdotal, recebeu os seguintes graus: tonsura (07/12/1954); Ostiário e Leitor (08/12/1954); Exorcista e Acólito (12/12/1954); subdiaconato (22/07/1956). Sua ordenação diaconal aconteceu no dia 26 de julho de 1956.
Antônio José Chámel foi ordenado sacerdote no dia 08 de dezembro de 1956, na Catedral de São Sebastião, em Leopoldina (MG), pela imposição das mãos de Dom Delfim Ribeiro Guedes, no rito latino, sendo incardinado na Diocese de Leopoldina. O coral que tocou em sua ordenação sacerdotal foi composto pelos fiéis da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Leopoldina e regido pelo padre José Cândido Diniz.
Padre Antônio foi educador no Seminário Menor Nossa Senhora Aparecida e reitor da mesma instituição. Também foi professor na Escola Estadual Professor Botelho Reis de 1967 até o final do ano de 1991, quando se aposentou do magistério.
Durante 33 anos foi pároco de Nossa Senhora da Piedade, no Distrito de Piacatuba, em Leopoldina, paróquia onde exerceu a sua vida ministerial por mais tempo.
Viveu maior parte de sua vida em Leopoldina, município sede de bispado, onde trabalhou com todos os oito primeiros bispos na predita diocese, criada em 1942 pelo Papa Pio XII.
Em 09 de março de 1990 a Câmara Municipal de Leopoldina outorgou-lhe o título de Cidadão Honorário Leopoldinense. No dia 01 de julho de 1978 o Papa Paulo VI concedeu o título honorífico de monsenhor ao Padre Antônio José Chámel, a pedido de dom Gerardo Ferreira Reis, segundo bispo diocesano de Leopoldina.
Na cúria diocesana exerceu as funções de ecônomo, chanceler do bispado, juiz auditor da Câmara Auxiliar, vinculada ao Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Juiz de Fora, entre outras funções como a de administrador do patrimônio histórico.
Padre Antônio já foi pároco da Igreja Nossa Senhora do Rosário, vigário da Catedral de São Sebastião, administrador paroquial de paróquias em Angustura (Além Paraíba) e Santo Antônio do Aventureiro. Também foi capelão do Asilo Santo Antônio de Leopoldina.
TRAJETÓRIA NA DIOCESE DE LEOPOLDINA
- Vigário cooperador da Paróquia São João Batista de Visconde do Rio Branco (MG), entre dezembro de 1956 a março de 1957;
- Reitor do Seminário Maior da Diocese de Leopoldina entre março de 1957 a 31/01/1965;
- Ecônomo e professor do Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, de março de 1957 a dezembro de 1970;
- Chanceler do bispado de 01/02/1965 a 19/03/1993;
- Ecônomo da Diocese de Leopoldina de 01/02/1965 a 19/03/1993;
- Cônego efetivo do Cabido Diocesano em 05/02/1965;
- Monsenhor Capelão Papal, em 01/07/1978;
- Vigário cooperador da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Leopoldina em 1960;
- Encarregado das capelas rurais localizadas no município de Leopoldina em 1958, 1959 e 1960;
- Vigário da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Distrito de Piacatuba, em Leopoldina (MG), entre agosto de 1965 a março de 1966;
- Vigário da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Leopoldina (MG), entre 22/05/1972 a 25/12/1977;
- Vigário da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Distrito de Piacatuba, em Leopoldina (MG), entre dezembro de 1975 a 18/04/2009;
- Vigário episcopal de Leopoldina, entre janeiro de 1979 a 1985;
- Encarregado das capelas rurais da Paróquia N.S. do Rosário de Leopoldina nos anos de 1958, 1959 e 1960;
- Capelão do Asilo Santo Antônio desde o dia 31/03/1979;
- Diretor Espiritual dos seminaristas da fase propedêutica da Diocese de Leopoldina – nomeação assinada por Dom Dario Campos, em 03 de janeiro de 2005;
- Membro do Conselho Episcopal Especial, nomeado por dom Edson Oriolo no dia 19 de março de 2020.