A Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina é um texto conciliar de profunda significação. Ela aborda sobre a Palavra de Deus e, como o nome já diz, sobre a Revelação Divina. Composta de seis capítulos ela Está disposta da seguinte maneira: capítulo I: a revelação como tal; capítulo II: transmissão da divina revelação; capítulo III: inspiração divina da sagrada escritura e sua interpretação; capítulo IV: o Antigo Testamento; capítulo V: O Novo Testamento e o sexto capítulo sobre a Sagrada Escritura na vida da Igreja.
A importância desse documento está na eficácia de suas intenções e na lucidez de suas páginas. A Igreja orienta sobre o conteúdo da revelação bem como a relação que o ser humano estabelece com ela na Palavra de Deus, ou seja, na Sagrada Escritura.
Assim se refere a Sagrada Constituição: “ Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana partindo das coisas criadas (cf. Rm 1, 20); mas ensina que se deve atribuir à Sua revelação o fato de “ mesmo na presente condição do gênero humano poderem ser conhecidas por todos facilmente com sólida certeza e sem mistura de nenhum erro aquelas coisas que em matéria divina não são de per si inacessíveis à razão humana”” (DV, 6).
É o retorno às fontes da revelação, objetivo principal do Concílio Vaticano II, para que voltando a elas, encontre renovada energia, para então, entrar no diálogo com o mundo mostrando a face dialogal da Igreja que resplandece a face de Jesus de Nazaré.
É fundamental destacar a importante relação existente entre a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja, pontos fundamentais para a compreensão da realidade de maneira mais honesta e completa. A Tradição “oriunda dos Apóstolos, progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo: cresce, com efeito, a compreensão tanto das coisas como das palavras transmitidas, seja pela contemplação e estudo dos que creem, os quis as meditam em seu coração (cf. Lc 2, 19.51)[…]. (DV, 8).
Nesse aspecto, a relação é necessária como afirma a Constituição: “fica portanto claro que segundo o sapientíssimo plano divino da Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de maneira entrelaçados e unidos, que um não tem consistência sem os outros, e que juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas” (DV 10).
Essa relação é o ponto nodal do Documento e que precisa ficar sempre de novo esclarecido para que a compreensão seja efetiva. É um texto completo, contendo orientações sobre os cânones do Antigo e do Novo Testamento e ainda incide sobre a relação entre a Palavra de Deus e a vida da Igreja.
Assim termina a Sagrada Constituição: “assim, pois, que pela leitura e o estudo dos Livros Sagrados “seja difundida e glorificada a Palavra de Deus” (2Ts 3, 1) e que o tesouro da Revelação confiado à Igreja cada vez mais encha os corações dos homens. Assim como a vida da Igreja se desenvolve pela assídua participação no mistério eucarístico, assim é lícito esperar um novo impulso de vida espiritual de uma acrescida veneração pela Palavra de Deus, que “permanece sempre” (Is 40,8; cf. 1Pd 1,23-25)” (DV 26).
Nesse sentido os padres conciliares tornaram evidente o anseio do Vaticano II, no que concerne à vivência da Palavra de Deus e a ação eclesial que brota dela. O retorno às fontes tão amplamente discutido encontra na Dei Verbum sua explicação original.
Alessandro Tavares Alves
III Ano de Teologia
Referência
VATICANO II. Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina. 3. Ed. São Paulo: Paulinas, 2012.