É, indubitavelmente, tempo de reformas. Um dos slogans mais vistos e ouvidos na atualidade é justamente este: reforma. Reformar isso ou aquilo para que se alcance o progresso, seria ‘a saída para o futuro da nação’. Com efeito, é necessário pensar sobre isso. É necessária a reforma, mas qual? Antes de intuir reformas institucionais, aquelas que são necessárias laudas e mais laudas com os mais sofisticados argumentos para ter como efeito o convencimento do senso comum, é antes imperioso, reformar a consciência, reformar a sensibilidade, ou seja, reformar o coração. Caso o coração não mude, toda reforma será perigosa, agressiva, desumana.
A reforma da sensibilidade é urgente, primária. Dever-se-ia, antes, sentir com o outro, experimentar os porquês do outro, antes de decidir para e pelo outro. Não se modifica uma vida, não se dá a ela um novo horizonte simplesmente por um decreto, por uma assinatura seja ela de qual natureza for. É preciso escutar a dor do outro, isso não é poesia, mas sim, uma questão de humanidade mínima. Jesus insistiu para que mudássemos de comportamento, para que pensássemos um pouco mais.
Reformar-se, formar-se novamente, repensar-se, tudo isso compõe um ponto de partida. Formar-se novamente a partir de qual critério? Eis a pergunta fundamental. Que bom seria reiniciar a partir de Jesus de Nazaré, reformar para que Seus critérios fossem possíveis, para que seu sonhado Reino acontecesse. Não se modifica o rumo da história de ninguém com truculências, nem com ataques de desafetos. Sinceridade não é sinônimo de arrogância. E, muito menos se combate a esse tipo de atitude fazendo o mesmo em sentido contrário. Reformando-se o coração, o afeto, reforma-se também o uso das palavras, o olhar, a percepção. Reconstrói-se.
É preciso apostar nesta modificação, a primeira, para que a partir dela, a consciência se renove e planeje novos rumos. Somos ótimos em análises, ótimos em diagnósticos, valorosos em indicar receitas. Mas, deveríamos experimentar o remédio que nós indicamos, a receita que passamos, para que, saibamos as consequências daquilo que sugerimos. O amor é a reforma das reformas, se ele não for o ponto de partida, certamente o percurso até o ponto de chegada ficará comprometido.
Padre Alessandro Tavares Alves
Diocese de Leopoldina