Caros irmãos (ãs), desde que recebi a convocação para este serviço eclesial, ressoou forte o mandato de Jesus: “Vai, anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti” (cf. Mc 5,19) e “apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17). Imediatamente pensei naquela pergunta que outrora Jesus fizera a Pedro: Tu me amas? Então, apropriei-me destas palavras e pus-me a perguntar: Senhor tu me amas? Por que pedes isto a mim? A resposta de Pedro – Tu sabes tudo; tu sabes que te amo – tornou-se para mim a resposta do Senhor, que agora, por meio da Igreja, me confiou uma nova missão. O meu “sim” nasce da confiança no amor misericordioso do Pai, pelo qual agora eu me sinto inteiramente abraçado. Reconheço minha indignidade, tenho consciência da grandeza do dom que me é oferecido, mas prefiro confiar na graça de Deus a deixar-me intimidar pelas minhas limitações e misérias. “É pela graça de Deus que sou o que sou. E a graça que ele reservou para mim não foi estéril” (1Cor 15,10).
Tudo é dom do alto, mas não poderia deixar de agradecer a tantos que me acompanharam nestes anos. Recordo com afeto minha família de quem eu recebi a riqueza da fé em Cristo e valores essenciais para a vida: amor, cuidado, senso de justiça, trabalho e honestidade.
Minha gratidão se dirige a todos de nossa querida Arquidiocese. O testemunho de tantos irmãos (ãs) ajudou-me a descobrir que a missão é serviço de amor vivido na corresponsabilidade. Memória afetiva e devota do Servo de Deus, Dom Luciano; gratidão a Dom Geraldo, pai e pastor, pela confiança em mim depositada; e a todos os meus irmãos no ministério ordenado, aos leigos (as).
Dentre os serviços que me foram confiados nestes anos gostaria de agradecer pela minha permanência no Seminário e atuação nas Paróquias de Santa Ifigênia em Ouro Preto e Sagrado Coração de Jesus em Mariana.
Recentemente, a experiência pastoral em Barbacena, na Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, ajudou-me a fazer a experiência da acolhida e do diálogo com todos. Aos meus queridos paroquianos digo: “Continuai firmes no Senhor” (Fl 4, 1), pois a obra é D’Ele e somos apenas os seus servidores. Obrigado pelo abrigo que encontrei no coração de cada um de vocês.
Não poderia deixar de manifestar toda a minha admiração e gratidão em relação ao Papa Francisco, a quem me ligo agora de modo novo e intenso. Obrigado pelo testemunho de radicalidade no seguimento a Jesus Cristo [e pela confiança ao nomear-me Bispo Titular de Monte di Numidia, diocese que estava vacante desde 13 de novembro de 2016, e Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. Assumo o compromisso de rezar pelos irmãos (as) que sofrem e se encontram hoje ao norte da África.
Enfim, quero dirigir-me ao Povo de Deus que está na Arquidiocese de Belo Horizonte com o qual farei o aprendizado da missão episcopal. Desde o dia 02 de dezembro, quando fui nomeado para auxiliá-los na missão, rezo por vocês. Peço licença para unir-me a vocês no serviço pastoral, e a exemplo de São Paulo peço-lhes um lugar, ainda que pequenino, no coração de cada um de vocês (2 Cor 7, 2). Rezem por mim, a fim de que eu seja fiel à missão de cuidar do rebanho do Senhor. Que eu possa fazê-lo com mansidão e coragem! Desejo ser fiel ao ensinamento do Apóstolo Pedro: “Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho” (1Pd 5, 2). Gratidão ao Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo e aos Bispos Auxiliares Dom João Justino de Medeiros Silva, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães e Dom Edson José Oriolo dos Santos. Na pessoa destes irmãos quero abraçar a todos desta querida Igreja Particular, mas especialmente, os jovens, as famílias e aqueles que sofrem.
Quero, na minha pobreza, oferecer em forma de serviço e amor à Igreja o legado recebido da minha família, do Seminário e das paróquias onde exerci meu ministério. Desejo viver o ministério episcopal na perspectiva do amor e do serviço a todos os que me forem confiados: “Seja serviço de amor apascentar o rebanho do Senhor”. “Sit amoris officium pascere dominicum gregem”.
Coloco minha vida e ministério sob a proteção de Maria, Senhora da Piedade, a quem entrego confiante a minha vocação. Tenho a certeza de que Ela me acompanhará e me ajudará a ser firme na fé, alegre na esperança e perseverante na caridade.
Mons. Geovane Luís da Silva
21 de dezembro de 2016
Paróquia e Santuário de Nossa Senhora da Piedade
Foto: Pascom de Nossa Senhora da Piedade