Com o calor das terras de Unaí foram acolhidos os representantes das sete microrregiões do Estado de Minas Gerais, para o 7º Encontro Mineiro de CEBs. Os participantes foram recebidos na sexta-feira, dia 18 de Setembro de 2015, na BR 188 em uma tenda, com muita alegria. A Abertura do Encontro foi presidida pelo Bispo da Diocese de Paracatu – Dom Jorge Alves Bezerra, no Santuário Nossa Senhora do Carmo, com a presença dos participantes do encontro, famílias acolhedoras, padres, diáconos e religiosas. Durante a celebração foi lida uma carta do Presidente do Regional Leste II da CNBB – Dom Paulo Mendes Peixoto, motivando a caminhada da CEBs.
No dia seguinte, os participantes do encontro vivenciaram a espiritualidade das CEBs e aprofundaram o tema proposto: Desafios do Mundo Urbano, tendo como o lema: Cidade e Campo Gerando Vida!? Com a assessoria do Frei Carlos Mesters, aprofundamos nosso olhar sobre os aspectos positivos e negativos do êxodo rural, que cresce como fruto da revolução industrial, criando problemas de família, moradia, saúde, água, transporte, lazer, segurança, cultura e espiritualidade. Vimos que o desafio urbano cresce tanto que afeta o modo de viver de todos, tanto na cidade como na roça. Em 1950, 80 % da população brasileira vivia na roça. O censo de 2012 constata que 82% vive em cidades. Julgamos esta realidade com a luz da bíblia e vimos como o próprio Jesus nasceu na roça de Nazaré e, aos 30 anos de idade, foi morar na cidade de Cafarnaum. Vimos também como as primeiras comunidades cristãs foram nascendo entre os pobres das cidades daquela época: Jerusalém, Antioquia, Corinto, Éfeso, Roma, como é muito presente nos dias de hoje também. As CEBs são um novo modo de ser Igreja, com suas cinco dimensões: a dimensão comunitária, ligada aos problemas concretos da vida do povo; a dimensão humana, que faz crescer a participação das mulheres, procura acolher as pessoas e humaniza a convivência; a dimensão política, que combate as injustiças e as divisões injustas; a dimensão ecumênica, que insiste na vivência da Boa Nova de Deus, que Jesus nos trouxe, e não no aspecto institucional; a dimensão bíblica, que nos faz ver a realidade com o olhar de Deus.
Apresentou-nos as quatro colunas da vida em comunidade, mencionadas na Bíblia quando ela diz que os cristãos “perseveravam no ensinamento dos apóstolos, na comunhão, na fração do pão e nas orações” (At 2,42). A Bíblia mostra, como na raiz das comunidades, está uma nova experiência do amor eterno de Deus como Pai; uma nova consciência da missão como serviço; uma nova pastoral que se caracteriza pela ternura, pela atitude de diálogo, pela preocupação em reunir-se uma vez por semana para partilhar a fé, louvar a Deus e animar-se mutuamente em servir, imitando Jesus que dizia: “Eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mt 20,28) e tendo como modelo Maria, a mãe de Jesus, que respondia ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor!” (Lc 1,38).
Pe. Nelito, referindo-se ao papa Francisco, ressalta que os cristãos tinham tudo em comum, que tudo partilhavam. Os primeiros cristãos davam testemunho da ressurreição de Jesus mesmo diante das perseguições. Afirma que Evangelizar supõe zelo apostólico. Evangelizar supõe na igreja a coragem e a força de sair de si mesma, ir para as periferias, não só as geográficas, mas também as existenciais.
No mesmo dia, participamos das oficinas de trabalho para debater sobre as juventudes, os povos originários e comunidades tradicionais, a equidade de gênero, terra e água; partilhar experiências e apontar propostas e gestos concretos para a caminhada de nossas comunidades.
Sobre a problemática da terra assumimos o compromisso de colaborar na organização dos movimentos do campo na luta pelos seus direitos, defendendo a ecologia e a sustentabilidade, a produção agroecológica, a soberania e segurança alimentar, o apoio a agricultura familiar e a permaneça dos camponeses na roça. Sobre as questões referentes ao uso e à conservação da água, nos comprometemos em defender e proteger as nascentes, usá-la com sobriedade e equilíbrio, lutando para que ela seja bem público e universal e não uma mercadoria a ser comercializada. Propomos que sejam criadas nas comunidades a Pastoral Ecológica. Nas questões referentes às relações de gênero, assumimos o compromisso de promover a equidade de gênero, como forma de proteção, valorização e inclusão da mulher em todos os níveis da vida em sociedade, no combate a violência feminina e contra a homofobia e toda a forma de discriminação e exclusão.
Sobre os povos originários e comunidades tradicionais, assumimos o compromisso pelo respeito e valorização desses povos e apoiamos suas lutas por demarcação de seus territórios. A respeito das juventudes, assumimos o compromisso de promover o protagonismo juvenil nas comunidades, nas paróquias, dioceses, na equipe de animação do Estado, criando espaços de participação, formação e superação do extermínio da juventude.
O 7º Encontro Mineiro de CEBs trouxe um renovado ardor missionário para as comunidades eclesiais de base do Estado de Minas Gerais. Os participantes do encontro adquiriram uma renovada esperança, fortificaram sua fé, aprofundaram sua identidade e renovaram sua vivencia comunitária, solidária e amorosa fundamentada na pessoa de Jesus Cristo e na igreja misericordiosa.
Levaremos também a rica cultura popular do noroeste de Minas, tão bem representada pelos grupos culturais e de folias na noite cultural no bairro Canabrava.
Recebemos com alegria a boa noticia de que a diocese de Caratinga está de portas abertas para acolher o Trem das CEBs, no 8º Encontro Mineiro em 2019.
Com as bênçãos e a proteção de Nossa Senhora do Carmo, padroeira dessa diocese e de Nossa Senhora da Conceição padroeira da cidade, nos despedimos com a mesma alegria que levou Maria a cantar o Magnificat. Axé, Auere, Alelulia, Uai.
Unaí-MG 20 de Setembro de 2015.